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CD, a morte anunciada é adiada: agora todos o querem e as vendas aumentam
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11 Out. 2024
#386
por jazzevedo
Primeiro, foi o alegado desaparecimento do vinil, devido ao CD. Agora, o público começa a re-apaixonar-se pelo disco prateado, deixando de lado as plataformas de música em streaming como o Spotify, que pareciam ter decretado o seu fim.
História e futuro de um formato que não quer desaparecer
Quarentões sem futuro. É assim que se fala agora dos antigos Compact Discs, que este ano celebram 40 anos desde a sua chegada ao mercado. Disponíveis desde 1982, quando o primeiro foi lançado para venda juntamente com o leitor próprio – a 1 de outubro desse ano – o disco foi 52nd Street de Billy Joel (embora a primeira gravação nesse formato tenha sido a Sinfonia dos Alpes de Richard Strauss, dirigida por Herbert von Karajan com a Orquestra Filarmónica de Berlim).
Desde então, a morte do Compact Disc foi anunciada várias vezes: dizia-se que seria destruído pela música em streaming. E não há dúvidas de que a sua saúde não é a melhor: basta pensar que, no seu auge, no final dos anos 2000, só nos Estados Unidos vendiam-se mil milhões de CD's por ano. Vinte e dois anos depois, esse número caiu para "apenas" 30 milhões, de acordo com os números oficiais da Recording Industry Association of America. No entanto, apesar de "debilitado", o CD ainda não desapareceu: na América, ainda representa dois terços do mercado físico, pelo menos no que diz respeito às grandes distribuidoras.
Paradoxalmente, o declínio lento e cada vez mais inexorável dos Compact Discs não se deve às plataformas digitais, lideradas pela Apple e Spotify. O verdadeiro culpado é a venda de vinis. Sim, porque se é o mercado dos colecionadores que mantém viva a procura por “formatos físicos” para ouvir música, é sobretudo no antigo LP de 33 rotações que os mais entusiastas estão interessado. Isso é particularmente verdade em Itália, onde – segundo dados da Federação da Indústria Musical Italiana – no início de 2021, os vinis venderam 121% mais do que no ano anterior, enquanto as vendas de CD's caíram 6%. No entanto, esta tendência não coincide com os dados americanos, onde, segundo um estudo da MRC Data, em 2021 as vendas de CD's aumentaram: cresceram 1,1%. Aliás, no que toca a formatos físicos, o mundo dos colecionadores está dividido: os apreciadores de música clássica, por exemplo, não gostam do ruído da agulha no vinil, algo que os fãs de jazz, pelo contrário, adoram. Enquanto estes últimos procuram álbuns em 33 rotações, os primeiros preferem edições raras, mas em CD. O mesmo acontece com os entusiastas de música africana ou asiática, cujas gravações mais extensas começaram sobretudo nos anos 90, e por isso são encontradas em CD.
E não é só isso: o fetichismo em torno dos vinis e a atual, relativa dificuldade de imprimir novos exemplares, causada pela escassez de matérias-primas resultante da pandemia de Covid-19, fez aumentar os preços de certas reedições de álbuns de culto (como Nevermind dos Nirvana, que celebrou 30 anos em setembro passado). Muitos entusiastas acabaram por comprar CD's, reativando as suas vendas. O Compact Disc está a voltar? Quem sabe! Até porque os atrasos na cadeia de abastecimento também estão a afetar essa indústria, uma vez que falta papel para os livretos. Quem sabe se o golpe fatal, que não veio com o streaming, não será dado – também neste campo – pelo vinil.
Artigo publicado no jornal La Repubblica
História e futuro de um formato que não quer desaparecer
Quarentões sem futuro. É assim que se fala agora dos antigos Compact Discs, que este ano celebram 40 anos desde a sua chegada ao mercado. Disponíveis desde 1982, quando o primeiro foi lançado para venda juntamente com o leitor próprio – a 1 de outubro desse ano – o disco foi 52nd Street de Billy Joel (embora a primeira gravação nesse formato tenha sido a Sinfonia dos Alpes de Richard Strauss, dirigida por Herbert von Karajan com a Orquestra Filarmónica de Berlim).
Desde então, a morte do Compact Disc foi anunciada várias vezes: dizia-se que seria destruído pela música em streaming. E não há dúvidas de que a sua saúde não é a melhor: basta pensar que, no seu auge, no final dos anos 2000, só nos Estados Unidos vendiam-se mil milhões de CD's por ano. Vinte e dois anos depois, esse número caiu para "apenas" 30 milhões, de acordo com os números oficiais da Recording Industry Association of America. No entanto, apesar de "debilitado", o CD ainda não desapareceu: na América, ainda representa dois terços do mercado físico, pelo menos no que diz respeito às grandes distribuidoras.
Paradoxalmente, o declínio lento e cada vez mais inexorável dos Compact Discs não se deve às plataformas digitais, lideradas pela Apple e Spotify. O verdadeiro culpado é a venda de vinis. Sim, porque se é o mercado dos colecionadores que mantém viva a procura por “formatos físicos” para ouvir música, é sobretudo no antigo LP de 33 rotações que os mais entusiastas estão interessado. Isso é particularmente verdade em Itália, onde – segundo dados da Federação da Indústria Musical Italiana – no início de 2021, os vinis venderam 121% mais do que no ano anterior, enquanto as vendas de CD's caíram 6%. No entanto, esta tendência não coincide com os dados americanos, onde, segundo um estudo da MRC Data, em 2021 as vendas de CD's aumentaram: cresceram 1,1%. Aliás, no que toca a formatos físicos, o mundo dos colecionadores está dividido: os apreciadores de música clássica, por exemplo, não gostam do ruído da agulha no vinil, algo que os fãs de jazz, pelo contrário, adoram. Enquanto estes últimos procuram álbuns em 33 rotações, os primeiros preferem edições raras, mas em CD. O mesmo acontece com os entusiastas de música africana ou asiática, cujas gravações mais extensas começaram sobretudo nos anos 90, e por isso são encontradas em CD.
E não é só isso: o fetichismo em torno dos vinis e a atual, relativa dificuldade de imprimir novos exemplares, causada pela escassez de matérias-primas resultante da pandemia de Covid-19, fez aumentar os preços de certas reedições de álbuns de culto (como Nevermind dos Nirvana, que celebrou 30 anos em setembro passado). Muitos entusiastas acabaram por comprar CD's, reativando as suas vendas. O Compact Disc está a voltar? Quem sabe! Até porque os atrasos na cadeia de abastecimento também estão a afetar essa indústria, uma vez que falta papel para os livretos. Quem sabe se o golpe fatal, que não veio com o streaming, não será dado – também neste campo – pelo vinil.
Artigo publicado no jornal La Repubblica
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