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Em junho de 1984, Bruce Springsteen lançou um dos álbuns mais emblemáticos de sua carreira. Com 12 faixas, “Born in the USA” chegou com uma sonoridade mais pop do que os antecessores e foi responsável por tornar o cantor um astro mundial.

Além de ter alcançado o topo da tabela americana Billboard 200, o trabalho vendeu mais de 30 milhões de cópias. É considerado um dos melhores discos da história por veículos especializados.

Porém, para o artista, o material apresenta um grande problema: o resultado final não foi necessariamente como gostaria. 

Canções como “My Hometown”, na qual denuncia a violência racial percebida onde cresceu, e a faixa-título, onde critica o descaso com os veteranos da Guerra do Vietname ao retornarem para os Estados Unidos, mostraram o que The Boss tinha em mente. Em contrapartida, o resto das faixas não tinha nenhum grande significado para o músico. 

À Rolling Stone, ele explicou: 

Foi o disco que eu fiz, mas não necessariamente o disco que eu queria fazer. […] Se você ouvir ‘My Hometown’ e a faixa-título, vai ver que elas mostram os dois extremos que eu tinha em mente. E o resto das faixas era… apenas o que eu tinha naquele momento, músicas que compus e gravei naquela época. Da concepção à execução, não foi exatamente o álbum que eu havia planeado na minha cabeça, mas é assim que a criatividade funciona. Você entra no estúdio com uma ideia. Nem sempre é com ela que você sai.

Idealmente, “Born in the USA” devia ter um aspecto mais sombrio, o que o artista não conseguiu alcançar. Por outro lado, Springsteen reconhece que, assim como queria, deu continuidade aos temas abordados em “Nebraska” (1982), álbum no qual trouxe principalmente a realidade complicada de trabalhadores.

Bruce Springsteen e o equívoco com a música “Born in the USA”
Na autobiografia “Born to Run” (2016), Bruce Springsteen menciona que o álbum “Born in the USA”, sobretudo a faixa-título, acabou sendo interpretado de forma errada como um acto de patriotismo, mas deixou claro que não mudaria nada no disco. Na obra, o cantor também novamente destacou como o resultado final era diferente do que havia imaginado: 

Grande parte de ‘Born in the USA’ foi gravado ao vivo, com a banda inteira, durante três semanas. Depois descansei um pouco, gravei ‘Nebraska’ e só mais tarde voltei ao meu álbum de rock. ‘Born in the USA’, ‘Working on the Highway’, ‘Downbound Train’, ‘Darlington County’, ‘Glory Days’, I’m on Fire’ e ‘Cover Me’ acabaram sendo basicamente todas finalizadas durante os primórdios do disco. Depois o meu cérebro pareceu congelar. Não me sinto muito confortável com o aspecto pop do material pronto e queria algo mais profundo, mais pesado, mais sério […]. No final acabei voltando ao meu grupo de canções inicial. Encontrei ali um naturalismo e uma vivacidade com que era impossível competir. Não era bem aquilo de que estava à procura, mas era o que eu tinha.

A gafe histórica de Ronald Reagan envolvendo “Born in the U.S.A.”, de Bruce Springsteen
A temática da faixa que dá nome ao disco gerou até mesmo uma confusão por parte de Ronald Reagan, à época presidente dos Estados Unidos. Num discurso, o político afirmou, claramente sem ter entendido a composição:
“O futuro da América reside nos milhares de sonhos que existem em vossos corações; reside na mensagem de esperança das canções que nossos jovens admiram; nas canções de Bruce Springsteen, filho de Nova Jersey.”

No terceiro volume de “Born to be Wild: The Golden Age of American Rock” (2014), o editor senior da revista Rolling Stone, David Fricke, dá o seu parecer:
“A canção é sobre um homem nascido nos Estados Unidos que volta do Vietname com uma visão totalmente deturpada da sociedade americana. Não é um mantra patriótico, e sim uma ode a um sistema falido. O Grande Comunicador, quem diria, enganou-se completamente em relação a um dos maiores clássicos da história do rock.”

Springsteen comentou a gafe em entrevista para a National Public Radio em 2005:

Foi o primeiro caso de republicanos se apropriando de toda e qualquer coisa que a eles parecesse fundamentalmente americana, e se você se opusesse a isso, era rotulado de antipatriota. Sou americano e escrevo sobre o país onde vivo e sobre coisas com as quais me deparo nesta vida; coisas que me sufocam e contra as quais eu sempre lutarei.