Quase 55 anos após a morte de Jim Morrison, uma ex-namorada alega ter sido violada por ele. A história é contada pela própria num novo documentário sobre o lendário vocalista dos The Doors.
*Atenção: o texto a seguir apresenta relatos de um alegado crime sexual.
Na série documental “Before the End: Searching for Jim Morrison” (via People), uma mulher chamada Judy Huddleston dá um depoimento sobre um antigo relacionamento com o cantor. Ela descreveu um momento de intimidade do casal que terminou com acções sem o seu próprio consentimento.
Nas palavras dela: “Eu não queria fazer aquilo e disse que não. Então ele segurou meus braços para trás e para baixo e é por isso que eu penso – não perdoando, mas eu acho que ele ficou psicótico.”
Huddleston enfatizou a rápida mudança de comportamento do vocalista, algo que já foi atestado por outras pessoas. A ex-namorada de Morrison relembrou: “Seus olhos eram de um azul doce, ele era uma pessoa leve. E então apenas… ele parecia um monstro possuído. Olhos dilatados e era mais do que raiva. Era fúria, era ira.”
Jim Morrison e Judy Huddlesston ter-se-iam relacionado por cerca de 4 anos, no final da década de 1960, época em que o frontman dos The Doors já estava com Pamela Courson, sua parceira mais conhecida. Judy chegou a escrever um livro sobre o affair com Jim, lançado em 1991 e relançado em 2013 com o título “Love Him Madly”.
Comportamento agressivo
Jim Morrison e Pamela Courson tinha um relacionamento aberto, permitindo que o vocalista se envolvesse com outras pessoas mesmo depois de conhecê-la, em 1965.
Outros relatos apontam que o seu comportamento com as parceiras era agressivo. Pamela Des Barres, com quem também se relacionou, alega ter levado uma bofetada na cara na casa nocturna Whisky a Go Go, em West Hollywood (Estados Unidos), sem motivo aparente.
Em entrevista ao jornal The Guardian, em 2020, o baterista dos The Doors, John Densmore, afirmou ter visto Morrison apontar uma faca para uma garota. No seu livro, “The Seekers”, lançado no mesmo ano, o músico declarou: “Do lado de fora, Jim parecia normal. Mas ele tinha uma agressividade em relação à vida e às mulheres.”
Morte de Jim Morrison
No dia 3 de julho de 1971, Jim Morrison foi encontrado morto na banheira de um apartamento em Paris, em França. Ele, que tinha 27 anos, vivia no local há pouco tempo com Pamela Courson.
Oficialmente, o cantor teve uma parada cardíaca, possivelmente causada por uma overdose de heroína. Entretanto, como a lei francesa não exigia que uma autópsia fosse feita, sua morte permanece um mistério até hoje.
Na época, os The Doors haviam acabado de gravar o álbum “L.A. Woman” (1971), que traz músicas como “Love Her Madly” e “Riders on the Storm”. Morrison estava em um dos períodos mais complicados de sua vida, com prisões e abuso de drogas, quando anunciou que se mudaria para a capital de França para morar com Pamela Courson. Seus companheiros de banda gostaram da ideia e a mudança de ares parecia estar a fazer bem ao vocalista.
Em cartas escritas para amigos, ele relatou as caminhadas que gostava de fazer, sozinho, pela “Cidade-Luz”. A melhoria em sua qualidade de vida era visível: Morrison havia aparado a barba que deixara crescer e chegou a perder alguns quilos que tinha adquirido nos últimos anos.
Até mesmo por essa nítida melhora, após anos de excessos, a notícia da morte de Jim Morrison foi recebida por todos de forma chocante. Em entrevista para a Guitar World, o guitarrista Robby Krieger relembrou a reação que os membros dos The Doors tiveram ao receber a informação sobre o falecimento: “Recebi uma ligação e não acreditei, porque costumávamos ouvir merdas como essa o tempo todo – que Jim se tinha atirado de um penhasco ou algo assim. Então mandamos nosso empresário para Paris e ele ligou dizendo que era verdade.”
Pamela Courson conta que, na noite final de Jim Morrison, o casal foi ao cinema, jantou, ouviu música e foram dormir. Ele, então, teria acordado de madrugada sentindo-se mal e foi tomar um banho para relaxar. Acabou falecendo na banheira, onde foi encontrado morto.