Quando pensamos em heavy metal, o primeiro instrumento que vem à cabeça é a guitarra.
Com toda a distorção, os riffs rápidos e solos longos do rock pesado, é comum que o baixista fique relegado a replicar o que o guitarrista está fazendo.
Manter o tempo e a força dos riffs durante toda a música já não é tarefa fácil, mas vários baixistas foram além e colocaram o instrumento como protagonista nas suas bandas, caso dos Black Sabbath, Motörhead, TOOL e System of a Down.
Ao longo desses quase 60 anos do metal, nomes de Geezer Butler até Justin Chancellor mostraram como é possível criar camadas, texturas e até melodias paralelas com o baixo, que transformam uma canção de “apenas boa” para inesquecível.
Pensando nisso, fizemos uma viagem no tempo através de 10 baixistas icónicos que desafiaram as regras e trouxeram o instrumento para o primeiro plano do rock pesado.
10 baixistas de Metal que levaram o instrumento para novas direções
Geezer Butler (Black Sabbath)
É claro que precisamos começar pelo começo. Os Black Sabbath sãoamplamente considerados a banda inventora do heavy metal, e muito disso se deve à virtuosidade de Geezer Butler.
Em álbuns históricos nos anos 1970, ele eternizou seu timbre pesado e distorcido em riffs históricos como os de “N.I.B.”, “Sweet Leaf” e “Symptom of the Universe”, dando as bases para todos os baixistas que vieram depois.
Lemmy Kilmister (Motörhead)
Ainda nos anos 1970, Lemmy Kilmister pegou todo o legado de Geezer e levou adiante: além de fazer riffs distorcidos, ele mostrou que o baixista também podia cantar, compor e ser a principal estrela de uma banda. Com clássicos como “Ace of Spades”, “Overkill” e “Killed by Death”, os Motörhead transformaram o blues rock e tornaram-se simbolo de um som “sujo” que mais tarde daria origem ao thrash metal.
Steve Harris (Iron Maiden)
Quando a new wave do metal britânico explodiu no começo dos anos 1980, foi Steve Harris quem liderou a investida com os Iron Maiden. Com o seu estilo de tocar rápido usando apenas os dedos (e às vezes as unhas para dar brilho ao som), ele criou linhas que eram tão importantes quanto os riffs de guitarra, como as de “The Trooper”, “Hallowed Be Thy Name” e “Phantom of the Opera”.
Além disso, Harris também se destacou como principal compositor e líder intelectual da banda nesses 50 anos de carreira.
Cliff Burton (Metallica)
Nos Estados Unidos, era o thrash metal que ganhava força no início dos anos 1980, com Cliff Burton como o principal expoente do instrumento. Fã de música clássica, o baixista dos Metallica incorporou influências desde o erudito até o punk rock, utilizando pedais de distorção e wah-wah que deixavam o baixo com som de guitarra solo.
Músicas como “For Whom the Bell Tolls”, “Anesthesia (Pulling Teeth)” e “Orion” levaram o baixo a um novo patamar de expressividade no rock pesado. Infelizmente Cliff deixou-nos cedo demais, com apenas 24 anos, mas Robert Trujillo levou o seu legado adiante.
Paulo Jr. (Sepultura)
Na virada para os anos 1990, o Brasil entrou definitivamente no mapa do metal mundial com os Sepultura, e mesmo com os holofotes geralmente voltados para as guitarras de Max Cavalera, o baixo de Paulo Jr. é o que sustentava toda aquela “brutalidade rítmica” do grupo.
Em discos clássicos como Chaos A.D. (1993) e Roots (1996), ele uniu o peso do heavy metal ao groove dos ritmos brasileiros, e até hoje jovens baixistas tentam simular o swing de faixas como “Refuse/Resist”, “Territory” e “Attitude”.
Frank Bello (Anthrax)
Ainda na onda do thrash metal, Frank Bello fez história com os Anthrax ao trazer uma pegada mais melódica ao género. Seu estilo combinava velocidade com groove e arranjos criativos, como os de “Caught in a Mosh”, “Indians” e “Got the Time”.
Mesmo ao lado da força da natureza que é o guitarrista Scott Ian, Bello fez o baixo destacar-se com um som estridente, técnico e cheio de personalidade. Ainda encontrou tempo para gravar álbuns marcantes com o Helmet e o Crobot.
Justin Chancellor (TOOL)
Agora vamos trazer o metal progressivo dos anos 1990 para a conversa, e sem dúvida o principal representante do baixo nesse estilo é Justin Chancellor. Ao substituir Paul D’Amour em 1995, Justin trouxe técnicas complexas que encaixaram perfeitamente com os ritmos nada convencionais do baterista Danny Carey.
Ele também criou um padrão com o guitarrista Adam Jones: o de entrelaçar melodias diferentes, mas incrivelmente complementares, algo que fica claro em pedradas como “Schism”, “The Pot” e “Lateralus”. Gigante do rock experimental!
Rex Brown (Pantera)
Ainda nos anos 1990, outra banda que levou o groove metal ao topo das paradas foram os Pantera, e Rex Brown foi peça-chave nessa engrenagem. Com um estilo firme e preciso de tocar, ele fez a “cama” perfeita para Dimebag Darrell brilhar com suas guitarras pesadas.
Seu trabalho ficou eternizado em clássicos como “Walk”, “Cowboys from Hell” e “I’m Broken”, e atualmente dá para dizer que Brown é a estrela da banda. Com muitas mudanças de integrantes, o baixista também canta e toca guitarra nos shows mais recentes dos Pantera, e é atualmente o integrante com mais tempo de grupo.
Paul Gray (Slipknot)
Para entrarmos no “novo século” do metal, precisamos falar sobre Paul Gray. Numa banda com nove integrantes e tantos elementos cênicos como é os Slipknot, o baixo tem um papel ainda mais fundamental em articular e manter a coesão de todos os diferentes sons, e Gray fez isso com maestria.
Ele gravou quatro álbuns com a banda e criou linhas inesquecíveis como as de “Wait and Bleed”, “Duality” e “Before I Forget”, antes de falecer precocemente em 2010, aos 38 anos. Hoje em dia é Alessandro “Vman” Venturella quem carrega o seu legado.
Shavo Odadjian (System of a Down)
Outro grande representante dos anos 2000 são os System of a Down, que trouxeram elementos do rock alternativo e da música árabe para o heavy metal. Com toques extras de jazz e funk americano no jeito de tocar, Shavo Odadjian tornou-se um dos baixistas mais inovadores das últimas décadas.
Em faixas como “Toxicity”, “Aerials” e “B.Y.O.B.”, ele mostrou não apenas sua criatividade, mas também a sua enorme presença de palco nos shows da banda, e tornou-se um dos maiores ícones do metal moderno.
